Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, desenvolveram o protótipo do primeiro raio X digital com tecnologia totalmente brasileira. O aparelho melhora a qualidade das radiografias e reduz a radiação em até 80%. O equipamento foi desenvolvido para uso em consultórios odontológicos e deve entrar no mercado em 2016.
Pensando em diminuir a radiação, uma pesquisa desenvolvida pelo Instituto de Física da USP desenvolveu um protótipo de raio X digital, após 18 meses de trabalho. “Os métodos tradicionais de radiologia terão que ser substituídos por essa tecnologia nova, por questões de Proteção ambiental, facilidade, preço e disponibilidade”, disse o pesquisador da USP Vanderlei Bagnato.
A universidade ficou responsável pela ótica mecânica e o Instituto de Pesquisa do Ceará, o Atlântico, desenvolveu os componentes eletrônicos e o programa de processamento. Um chip é fixado em uma placa, onde a imagem é gravada. O raio X é acionado e, sem seguida, a placa é colocada no equipamento e o resultado vai para a tela do computador. Os detalhes são nítidos. “Ela tem uma resolução muito maior, eu posso ver detalhes que eu não veria no convencional”, afirmou Bagnato.
O equipamento para capturar a imagem é o mesmo usado atualmente nos consultórios odontológicos. A principal vantagem é que a nova tecnologia reduz os níveis de radiação entre 50% e 80%. Isso pode diminuir o risco de exposição não só para os profissionais da área da saúde, mas também para pacientes.
O raio X digital usado atualmente nos consultórios do país é importado. Há um ano, a dentista Claudia Soares comprou o equipamento de um fabricante americano. Ela eliminou os produtos químicos usados na revelação e está feliz com os resultados. “Consigo ver coisas que na radiografia normal a gente não consegue. Ela é muito pequena e às vezes precisa de lupa. Com o raio x digital eu vejo na hora. Consigo ampliar alguma lesão, anatomia dentro do canal, que eu não conseguiria ver no raio x normal”, afirmou.
O protótipo desenvolvido na USP só deve chegar ao mercado em 2016. O próximo passo é desenvolver um aparelho para ser usado na área de ortopedia. Os pesquisadores também querem que a tecnologia chegue rapidamente à rede pública de saúde.