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publicado em 29/05/2025

One Laudos e OLaudo: um esquema de fraude trabalhista na saúde

Empresas ligadas por sócios em comum são acusadas de promover pejotização, quarteirização ilegal e fraudes trabalhistas em contratos com o setor público de saúde em São Paulo.
Uma teia de contratos irregulares, terceirizações sucessivas e trabalhadores precarizados. No centro desse esquema estão as empresas como a One Laudos Diagnósticos Médicos Ltda. e OLaudo Telerradiologia Ltda., acusadas de violar direitos trabalhistas em contratos com o setor público de saúde em municípios como Osasco e São Bernardo do Campo.

Ambas são investigadas pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), com inquéritos civis ativos baseados em denúncias feitas pelo Sindicato dos Tecnólogos e Técnicos em Radiologia de São Paulo (SINTTARESP). Segundo o sindicato, as empresas integram um grupo econômico e operam juntas para burlar a legislação trabalhista, reduzindo custos às custas da exploração de profissionais da radiologia.
   
Apesar de possuírem CNPJs distintos, documentos da Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp) revelam identidade de sócios entre One Laudos e OLaudo, o que, conforme o artigo 2º da CLT, configura grupo econômico para fins de responsabilidade solidária.

Na prática, as duas empresas atuam como uma única estrutura organizacional, com divisão de funções e atuação conjunta em licitações e contratos com o poder público. A parceria entre elas se estende à forma de contratação da mão de obra, o ponto central das irregularidades apontadas pelo MPT.

De acordo com as denúncias, One Laudos e OLaudo não contratam diretamente os profissionais técnicos, mas utilizam empresas terceirizadas e de fachada, como a Primex Ltda. e a Imaging Pró Ltda., para formalizar a prestação de serviços. O problema é que essas empresas não registram os trabalhadores em carteira, mas os obrigam a se tornarem "sócios-cotistas", com capital simbólico de R$ 200 ou até menos.
   
























Essa prática, conhecida como pejotização, mascara uma verdadeira relação de emprego. Os profissionais atuam com subordinação direta, habitualidade, jornada fixa e pessoalidade, características que, segundo a CLT, configuram vínculo empregatício.


A consequência é uma ampla violação de direitos: sem férias, 13º salário, FGTS, hora extra, licença médica, adicional noturno e outras garantias previstas em lei.

Em Osasco, por exemplo, o Pronto Socorro Osmar Mesquita contrata a One Laudos, que repassa os serviços à Imaging Pró, gerando uma cadeia de subcontratações que dificulta a fiscalização e favorece a fraude trabalhista.

Já em São Bernardo do Campo, o contrato da Fundação do ABC com a prefeitura beneficia a OLaudo, que repassa a operação à Primex, reproduzindo o mesmo modelo de contratação fraudulenta.


Segundo o SINTTARESP, trata-se de quarteirização ilegal, vedada pela legislação e altamente lesiva ao trabalhador. Além da precarização, a estrutura operacional fere a transparência no uso de recursos públicos destinados à saúde.

Em nota oficial, o MPT classificou a pejotização como uma grave ameaça ao sistema de proteção do trabalho e à ordem econômica do país. Além de impactar os direitos individuais dos trabalhadores, essa prática reduz a arrecadação da Previdência Social, prejudica as políticas de inclusão de aprendizes e pessoas com deficiência, e enfraquece a fiscalização.
Segundo dados do próprio Ministério Público, entre 2020 e 2025, mais de 1,2 milhão de ações trabalhistas foram ajuizadas para reconhecimento de vínculo empregatício no Brasil. Muitas dessas ações envolvem exatamente o tipo de fraude investigado nas atividades da One Laudos e da OLaudo.

Com base nas denúncias e provas apresentadas, o sindicato solicitou a responsabilização solidária das empresas, o reconhecimento do vínculo empregatício e a aplicação de penalidades administrativas e judiciais.

O MPT já instaurou procedimentos investigatórios, tratando de temas como:
  • Fraudes para descaracterizar vínculo de emprego;
  • Desvirtuamento de contrato de sociedade;
  • Terceirização irregular e intermediação ilegal de mão de obra;
  • Descumprimento do salário mínimo profissional da categoria.

Enquanto as investigações seguem, dezenas de profissionais continuam atuando em regime de insegurança jurídica, sem qualquer garantia de estabilidade, assistência ou previdência.

A situação envolvendo a One Laudos e a OLaudo expõe um modelo de negócio estruturado para precarizar o trabalho, operando dentro da legalidade contratual apenas na aparência. É um sistema que transforma direitos constitucionais em mercadoria, e que só se sustenta diante da omissão ou lentidão de órgãos públicos em coibi-lo.

Cabe agora ao Ministério Público do Trabalho, à Justiça do Trabalho e à sociedade civil pressionar por respostas, responsabilizações e pela urgente reparação aos trabalhadores explorados.


O SINTTARESP segue lutando contra a precarização e a fraude trabalhista, e buscando respostas dos órgãos públicos!

Almir Santiago de Paulo
Secretário de Imprensa - Sinttaresp 
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