O Catar é um pequeno país do Oriente Médio, na Ásia, que ganhou o direito de sediar a atual Copa do Mundo. Desde a escolha da sede, em 2010, houve inúmeras acusações com base em investigações jornalísticas que apontavam possíveis pagamentos de propina em troca da escolha do país anfitrião.
Acusações à parte, fato é que os estádios, prédios e demais construções do país são exuberantes e luxuosas e evidenciam um país com um poder aquisitivo muito grande. Mas só para uma minoria privilegiada.
Grande parte da bela arquitetura catari foi construída por mão de obra estrangeira, estimada em 90%, dos quais muitos se submeteram a condições de trabalho degradantes, como excesso de jornada de trabalho, má alimentação e até acusações de tráfico de trabalhadores para atividades de alto risco. Essas e outras acusações compõem o relatório do Equidem, grupo de defesa dos direitos humanos.
Segundo reportagem do Repórter Brasil, a Organização Internacional do Trabalho afirma que, em 2020, houve pelo menos 50 mortes e 500 feridos relacionadas ao trabalho no Catar e o jornal inglês The Guardian estimou 6.571 mortes de trabalhadores de Bangladesh, Índia, Nepal, Paquistão e Sri Lanka no Catar entre 2010 e 2020, sem afirmar quantos estavam atuando na preparação da Copa.
Esta situação só melhorou quando organizações internacionais e sindicatos jogaram luz na questão. Houve então o estabelecimento de um novo salário mínimo, regras para trabalho exposto ao calor extremo e práticas de assédio moral de todas as ordens. Isso evidencia a importância das entidades sindicais em qualquer país.
No Brasil, mesmo levando em conta que a Reforma Trabalhista de 2017 retirou muitos direitos, temos CLT, sindicatos e muitos recursos para fiscalização de irregularidades trabalhistas, e mesmo assim todos os anos há dezenas de casos descobertos de trabalho análogo à escravidão país adentro.
Isso é o que esperamos de uma ideologia que prega mais produtividade para o patrão e menos direitos trabalhistas, quando a segurança e a vida do trabalhador está em risco.
O Catar ainda conta com o agravante da censura a protestos contra direitos humanos, liberdade de pensamento, orientação sexual e os direitos da mulher. Isso acontece quando há uma tentativa de impor uma religião dominante de recorte fundamentalista em qualquer país.
A democracia é essencial para a existência pacífica de todos os seres humanos e para relações de trabalho saudáveis.
Secretário de Imprensa
Georges Ken Norton de Oliveira
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